PENSAMENTO PATRICE LUMUMBA
1925-1961
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NOTA
Três grandes mestres do pensamento e da luta revolucionária dos povos contra o capital e contra o sistema de dominação imperialista: Antonio Gramsci, Patrice Lumumba, Ruy Mauro Marine e André Gunder Frank, são mestres da teoria e da ação revolucionária.
O comunista italiano Gramsci deixou importante contribuição na teoria política marxista. Apesar do fetichismo alienado que setores da esquerda liberal e acadêmica fazem do seu conceito de hegemonia, entre outros (muito bem denunciado pelo grande sociólogo revolucionário equatoriano Augustin Cueva), o pequeno sardo italiano deixou importante obra concentrada nos chamados "Cadernos do Cárcere", escritos enquanto Gramsci era mantido preso pelos fascistas de Mussolini.
Patrice Lumumba, por sua vez, foi um gigante e herói da luta revolucionária antiimperialista do povo congolês contra o colonialismo belga. Fundador do Movimento Nacional Congolês (MNC), Lumumba fez estremecer o imperialismo estadunidense e europeu e seus agentes colôniais no continente africano. Esse grande chefe revolucionário antiimperialista foi assassinado pelos chacais imperialistas articulados pela CIA em 1961 com apenas 35 anos, deixando um legado precioso aos povos do mundo que resistem com armas em punho a dominação imperialista.
Ruy Mauro Marine, mineiro genial de Barbacena, nos legou uma obra imprescindível para compreendermos as engrenagens da dependência e do subdesenvolvimento, contraparte do desenvolvimento histórico do capitalismo mundial que engendra da periferia capitalista, um regime econômico e social monstruoso. Sua principal obra, "Dialética da Dependência", é leitura obrigatória para todos e todas que se propõem a combater pela revolução socialista na América Latina e demais países oprimidos pela divisão mundial do trabalho imperialista. Ruy Mauro, além de genial teórico, principal expoente da Teoria Marxista da Dependência ( junto dos gigantes André Gunder Frank, Vânia Bambirra e Theotônio dos Santos), foi também um grande dirigente revolucionário, fundador da Polop no Brasil dos anos 1960, mas também um dos líderes do MIR ( Movimiento de Izquierda Revolucionaria) do Chile durante os anos de 1970. A obre de Ruy Mauro Marine é imprescindível e continua atualíssima, visto que o Brasil e a América Latina, vivem um período histórico marcado pelo recrudescimento da dependência e do subdesenvolvimento, onde a regra é, como coluna do sistema de acumulação de capital na região, a superexploração da força de trabalho das massas proletárias e populares, a permanente transferência de valor e riqueza produzidas por nossos povos, para as metrópoles dominantes e que tal realidade de submissão às forças da engrenagem mundial do capital, não podem ser superadas dentro do atual regime econômico e social, como tão bem nos ensinou o mestre Marine.
Outro grande mestre de nossa classe, foi o alemão latinoamericanizado, André Gunder Frank. Seu conceito genial para expressar a dialética das relações de dependência e dominação sobre nossos povos, que ele formulou como o "desenvolvimento do subdesenvolvimento", possui poderosa síntese sociologica revolucionária, pois vai ao âmago das formas de dominação imperialista contra os povos oprimidos do mundo. Frank também nos mostra, o papel associado das burguesias dependentes na rapina de suas pátrias e como essas oligarquias crioulas, que ele conceitualizou como "burguesias lumpens", são os elos de ligação com o capital estrangeiro monopolista agentes fundamentais da dependência e do subdesenvolvimento no chamado terceiro mundo.
A poderosa análise dialética de Frank no seu principal trabalho, "Capitalismo y Subdesarollo en América Latina" (desgraçadamente ainda não traduzido para o português) mas também num precioso livro chamado "Lumpen burguesia, lumpen desenvolvimento", nos lega verdadeiros tesouros para o conhecimento científico e racional de nossa realidade dependente.
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Pergunta : "Alguns dos seus oponentes políticos acusam você de ser comunista. Você poderia responder a isso?"
Resposta : "Este é um truque de propaganda direcionado a mim. Eu não sou comunista. Os colonialistas fizeram campanha contra mim por todo o país porque sou um revolucionário e exijo a abolição do regime colonial, que ignorou nossa dignidade humana. Eles me olham como comunista porque me recusei a ser subornado pelos imperialistas."
(De uma entrevista a um correspondente do "France-Soir" em 22 de julho de 1960)
“Não somos comunistas, católicos nem socialistas. Somos nacionalistas africanos. Reservamo-nos o direito de escolher os nossos amigos de acordo com o princípio da neutralidade positiva.”
OBJETIVOS
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Declarações políticas
Entrevista com a TASS , 28 de Julho de 1960
Correspondência com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjöld , Julho e Agosto de 1960
De uma carta ao Presidente do Conselho de Segurança , 1 de Agosto de 1960
De um telegrama ao Presidente do Conselho de Segurança , 1 de Agosto de 1960
Declaração na Sessão de Encerramento da Mesa Redonda Belgo-Congolesa , 20 de Fevereiro de 1960
Discurso do Dia da Independência , 30 de Junho de 1960 [tradução alternativa]poldville , 16 de Agosto de 1960
Declaração numa conferência de imprensa em Leopoldville , 17 de Agosto de 1960
Declaração numa conferência de imprensa em Leopoldville , 19 de Agosto de 1960
Discurso na abertura da Conferência Pan-Africana em Leopoldville , 25 de Agosto de 1960
Discurso de encerramento na Conferência Pan-Africana em Leopoldville , 31 de agosto de 1960
Discurso à Juventude Congolesa , agosto de 1960
Mensagem transmitida por rádio , 5 de setembro de 1960
Apelo solene ao Presidente e aos membros do Conselho de Segurança e a todos os estados-membros das Nações Unidas , 10 de setembro de 1960
Da carta ao Presidente da Assembleia Geral da ONU , 11 de novembro de 1960
Carta ao AM Dayal, Representante Especial do Secretário-Geral da ONU , 4 de janeiro de 1961
Poesia
Amanhecer no Coração da África , Voz da África , maio de 1961
Reminiscências de Lumumba
Uma vida dada pelo povo por Jean Bulabemba
O objetivo que Patrice buscava alcançar por N. Khokhlov
A segunda vida de Patrice Lumumba por Tomas Kolesnichenko
Na luta pela independência por Henri Laurent
Encontros com Lumumba por Romano Ledda
O Congo antes e depois da prisão do primeiro-ministro por Oleg Orestov
Últimos dias de liberdade por Lev Volodin
Assim era Lumumba por Yuri Zhukov
Patrice Lumumba , do livro Lutadores pela libertação nacional [Progress Publishers] 1984
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ANEXOS
No aniversário da morte de Patrice Lumumba, lembramos as palavras do revolucionário congolês e primeiro primeiro-ministro da atual República Democrática do Congo. Suas análises combinavam o passado colonial do Congo com uma visão otimista de um futuro em que a África assume o controle de sua própria história e destino. Mais de seis décadas depois, as consequências do assassinato de Lumumba ainda são sentidas pelo povo congolês. Corporações multinacionais continuam a saquear a riqueza e os recursos da República Democrática do Congo, tornando o país um dos "mais pobres" do mundo. Em fevereiro de 2002, o governo belga admitiu "uma parcela irrefutável de responsabilidade pelos eventos que levaram à morte de Lumumba". Em julho de 2002, documentos divulgados pelo governo dos EUA revelaram que a CIA foi fundamental no assassinato de Lumumba ao apoiar seus assassinos com dinheiro, apoio político, armas e treinamento militar.
Você sabia que a CIA orquestrou a execução do primeiro primeiro-ministro da atual República Democrática do Congo por um pelotão de fuzilamento? Neste dia em 1961, Patrice Lumumba, o primeiro líder democraticamente eleito do Congo, foi executado por um pelotão de fuzilamento após conspirações de assassinato inventadas pelos governos dos EUA e da Bélgica. O anti-imperialismo de Lumumba e a visão de um Congo unido fizeram dele um adversário do imperialismo belga e dos EUA. Embora a CIA tenha ordenado seu assassinato, eles não foram capazes de executá-lo eles mesmos. Em vez disso, Washington e Bruxelas secretamente canalizaram dinheiro e ajuda para políticos rivais que organizaram um golpe e prenderam Lumumba. Ele foi então espancado, torturado e morto.
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FUNDAÇÃO LUMUMBA
O Instituto Simón Bolívar e a Fundação Lumumba unem forças para comemorar o centenário do líder anticolonial Patrice Lumumba Caracas-Venezuela Em importante reunião realizada na Casa Amarilla, entre o presidente do Instituto Simón Bolívar (ISB), Carlos Ron e o Presidente da Fundação Patrice Emery Lumumba para a Democracia e Desenvolvimento, Ronald Lumumba, o Presidente da ISB anunciou a intenção de construir uma agenda de trabalho para a comemoração do centenário do assassinato de Patrice Lumumba, proeminente líder africano. Durante o evento, Carlos Ron destacou que esta agenda busca homenagear o legado de Lumumba por meio de atividades internacionais. Por sua vez, Ronald Lumumba agradeceu o convite e sublinhou que é uma prioridade homenagear o seu pai, assassinado a 17 de Janeiro de 1961. “Este ano realizaremos múltiplos eventos tanto em Kinshasa como noutros países, e seria será uma honra incluir a Venezuela nesta agenda comemorativa”, afirmou. Lumumba lembrou ainda que visitou a Venezuela onze vezes e destacou o apoio constante do país à Cooperação Sul-Sul. Ele também confirmou que no dia 2 de julho, aniversário de Patrice Lumumba, haverá atividades de grande escala que poderão estar alinhadas com os esforços da ISB e de outras organizações aliadas. O Presidente da ISB levantou a possibilidade de compartilhar materiais fundamentais sobre o pensamento de Patrice Lumumba e propôs que um discurso emblemático fosse divulgado em vários idiomas (espanhol, inglês, português e francês), para garantir maior alcance internacional. Ele também se dispôs a traduzir para o francês materiais sobre o legado do Comandante Hugo Chávez, a fim de destacar as conexões históricas entre os dois líderes. Em resposta, Lumumba apoiou a ideia e sugeriu que o pensamento do seu pai e de Hugo Chávez fosse levado à juventude, destacando a sua relevância no quadro da luta pela soberania e pela justiça social. “Isso permitirá que as novas gerações conheçam as contribuições de ambos os líderes”, acrescentou. Este encontro consolida os laços de cooperação entre a Venezuela e a República Democrática do Congo, reafirmando o compromisso mútuo de preservar a memória histórica e promover os ideais de justiça social e soberania no contexto da Cooperação Sul-Sul.
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CARTA
Carta de PATRICE LUMUMBA da prisão de Thysville.
-Assassinado no Congo pelo imperialismo em 17 de janeiro de 1961-
“Minha querida esposa,
Estou escrevendo estas palavras para você, sem saber se elas chegarão até você ou se estarei vivo quando você as ler.
Ao longo da minha luta pela independência do nosso país, nunca duvidei da vitória da nossa causa sagrada, à qual eu e os meus companheiros dedicamos toda a nossa vida.
Mas a única coisa que queríamos para o nosso país é o direito a uma vida digna, à dignidade sem pretensões, à independência sem restrições.
Este nunca foi o desejo dos colonialistas belgas e dos seus aliados ocidentais, que receberam, directa ou indirectamente, aberta ou ocultamente, o apoio de alguns altos funcionários das Nações Unidas, o órgão em que depositamos todas as nossas esperanças quando apelamos a ele em busca de ajuda.
Eles seduziram alguns dos nossos compatriotas, subornaram outros e fizeram tudo o que podiam para distorcer a verdade e manchar a nossa independência.
O que posso dizer é que isto, vivo ou morto, livre ou preso, não é uma questão minha pessoalmente.
O principal é o Congo, o nosso povo infeliz, cuja independência está a ser pisoteada.
É por isso que nos trancaram na prisão e é por isso que nos mantêm longe das pessoas. Mas minha fé permanece indestrutível.
Sei e sinto profundamente no meu coração que, mais cedo ou mais tarde, o meu povo será libertado dos seus inimigos internos e externos, que se levantarão como um só para dizer "Não" ao colonialismo, ao colonialismo flagrante e agonizante, para ganhar a sua dignidade de uma forma limpa. terra .
Não estamos sozinhos. A África, a Ásia, os povos livres e os povos que lutam pela sua liberdade em todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado dos milhões de congoleses que não abandonarão a luta enquanto houver pelo menos um colonialista ou mercenário colonialista em nosso país.
Aos meus filhos, que deixo e que talvez nunca mais verei, quero dizer que o futuro do Congo é esplêndido e que espero deles, como de todos os congoleses, o cumprimento da sagrada tarefa de Restaurando nossa independência e nossa soberania.
Sem dignidade não há liberdade, sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.
A crueldade, os insultos e a tortura nunca poderão me obrigar a pedir misericórdia, porque prefiro morrer de cabeça erguida, com uma fé indestrutível e uma crença profunda no destino do nosso país do que viver com humildade e renunciar aos princípios que são sagrados para o meu.
Chegará o dia em que a história falará. Mas não será a história que será ensinada em Bruxelas, Paris, Washington ou nas Nações Unidas.
Será a história que será ensinada nos países que se libertaram do colonialismo e dos seus fantoches.
África escreverá a sua própria história e tanto no norte como no sul será uma história de glória e dignidade.
Não chore por mim. Sei que o meu atormentado país será capaz de defender a sua liberdade e independência.
Viva o Congo!
Viva a África!”
Prisão de Thysville.
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