sábado, 31 de maio de 2025

PENSAMENTO VINCENT VAN GOGH * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

PENSAMENTO VINCENT VAN GOGH
Biografia

Van Gogh (1853 - 1890)

Vincent van Gogh é um dos artistas mais famosos e influentes da história da arte. Nascido em 1853 na Holanda, ele foi um pintor pós-impressionista conhecido por suas cores vibrantes, pinceladas expressivas e estilo único. Sua obra é considerada uma das mais importantes do século XIX e ele é frequentemente citado como um dos pioneiros da arte moderna.

A vida de Van Gogh foi marcada por tragédias pessoais e instabilidade mental, e ele nunca viveu para ver o sucesso de sua obra. Ele cresceu em uma família de classe média na cidade de Zundert, onde seu pai era um pastor calvinista. Van Gogh foi educado em escolas religiosas e depois trabalhou como vendedor de arte e professor de inglês na Inglaterra e na França antes de decidir se dedicar à pintura.

Ele começou a estudar arte em 1880, aos 27 anos, em Bruxelas. Seu irmão, Theo, era um negociante de arte e foi seu principal apoiador financeiro ao longo de sua carreira. Van Gogh estudou com artistas impressionistas, como Anton Mauve e Fernand Cormon, e começou a experimentar seu próprio estilo de pintura. Ele passou um tempo em Paris, onde conheceu artistas como Paul Gauguin e Henri de Toulouse-Lautrec, e ficou fascinado pela arte japonesa e pela teoria das cores.

Em 1886, Van Gogh mudou-se para Paris para trabalhar com seu irmão na Galeria Goupil. Lá, ele conheceu artistas como Paul Signac e Georges Seurat, que estavam explorando novas teorias de cor e técnica. Ele começou a experimentar com cores mais vibrantes e pinceladas mais ousadas, e desenvolveu seu próprio estilo único de pintura.

Em 1888, Van Gogh mudou-se para a cidade de Arles, no sul da França, onde planejava fundar um ateliê de arte. Ele se instalou em uma pequena casa amarela que se tornaria famosa por suas pinturas, incluindo a série de girassóis. Durante seu tempo em Arles, Van Gogh produziu algumas de suas obras mais conhecidas, incluindo Noite Estrelada, A Casa Amarela e Os Girassóis.

No entanto, a saúde mental de Van Gogh começou a se deteriorar rapidamente. Ele sofreu uma crise nervosa em dezembro de 1888 e cortou parte de sua orelha esquerda. Ele foi hospitalizado e depois passou algum tempo em uma casa de saúde em Saint-Rémy-de-Provence, onde pintou muitas obras, incluindo A Irmandade dos Homens.

Em 1890, Van Gogh mudou-se para a cidade de Auvers-sur-Oise, perto de Paris, para estar mais perto de seu irmão Theo. Ele continuou a pintar, mas sua saúde mental continuou a piorar. Em julho de 1890, ele se suicidou com um tiro no peito. Ele tinha apenas 37 anos de idade.

Embora Van Gogh tenha morrido em relativa obscuridade, seu trabalho foi redescoberto e reconhecido após sua morte. Hoje, suas pinturas são algumas das mais valiosas e reconhecidas do mundo da arte. Sua obra influenciou inúmeros artistas posteriores e continua a ser estudada e apreciada em todo o mundo.

Van Gogh deixou um legado de mais de 2.000 obras de arte, incluindo pinturas, desenhos e aquarelas. Sua arte era influenciada por sua paixão pela natureza, sua espiritualidade e sua busca pela verdade. Ele trabalhou incansavelmente em sua arte, muitas vezes pintando várias obras em um único dia.

Apesar de sua curta carreira artística, Van Gogh foi um inovador que mudou a forma como a arte era vista e feita. Ele abandonou as técnicas tradicionais de pintura e desenvolveu um estilo único que combinava pinceladas fortes, cores ousadas e uma sensibilidade emocional. Sua obra foi uma inspiração para muitos outros artistas modernos e sua influência pode ser vista em várias correntes artísticas, como o expressionismo, o fauvismo e o surrealismo.

Van Gogh é conhecido por sua intensidade emocional e por expressar suas emoções em suas pinturas. Seus trabalhos são frequentemente descritos como melancólicos, dramáticos e carregados de emoção. Ele acreditava que a arte tinha o poder de tocar as pessoas e de transmitir emoções profundas. Suas obras muitas vezes retratavam pessoas e lugares comuns, como camponeses e paisagens rurais, mas ele os transformou em imagens vibrantes e cheias de vida.

A história de Van Gogh é também uma história de luta contra a adversidade. Ele sofreu com a pobreza, a rejeição e a instabilidade mental durante toda a sua vida. Sua arte era uma maneira de escapar dessas dificuldades e encontrar um sentido de propósito e significado. Embora tenha sido mal compreendido e subestimado em sua época, Van Gogh deixou um legado duradouro que continua a inspirar artistas e amantes da arte em
todo o mundo.
MUSEU VINCENT VAN GOGH
VIDA E OBRA
Vila Educativa

terça-feira, 20 de maio de 2025

PENSAMENTO REVOLUÇÕES AFRICANAS * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

PENSAMENTO REVOLUÇÕES AFRICANAS
A Luta de Classes em África
Kwame Nkrumah
Conclusão

A revolução africana, ao concentrar-se na destruição do imperialismo, do colonialismo e do neocolonialismo, visa realizar uma transformação completa da sociedade. Já não se trata, para os Estados africanos, de escolher um modo de produção capitalista ou não capitalista, porque a escolha já foi feita pelos trabalhadores africanos: a libertação e unidade do continente, que apenas a luta armada para o socialismo realizará. Porque a unidade política de África só se poderá realizar no socialismo.

«Capitalismo popular», «capitalismo esclarecido», «paz entre as classes», «harmonia social», tudo isso corresponde a tentativas falaciosas e burguesas de alienar as massas. Alguns sugerem uma via «não capitalista» seguida de uma «união das forças progressistas»; ora um tal sistema não pode convir à África dos tempos modernos. Porque os Estados africanos não podem escolher entre uma ou outra destas possibilidades: regressar à dominação imperialista pelo capitalismo e neocolonialismo, ou adoptar os princípios do socialismo científico. Seria falso pretender que a instauração de um regime socialista não é possível nos países pouco industrializados, onde um proletariado forte é ainda pouco numeroso. A história provou que um proletariado relativamente pouco numeroso, bem organizado e dirigido, pode levar as massas camponesas a tomar consciência e a fazer rebentar uma revolução. Numa situação neocolonialista, não pode haver compromissos; apenas o socialismo pode pôr fim à exploração capitalista-imperialista.

O socialismo só será realizado através da luta de classes. Em África, o inimigo interno, que é a burguesia reaccionária, deve ser desmascarado: trata-se de uma classe de exploradores, de parasitas e de colaboradores de imperialistas e neocolonialistas, dos quais depende a manutenção das suas posições privilegiadas. A burguesia africana é essencial à continuidade da dominação e da exploração imperialista e neocolonialista. Perante a necessidade da sua eliminação, um partido revolucionário socialista de vanguarda organizará e enquadrará a solidariedade operária-camponesa. Graças à derrota da burguesia indígena, do imperialismo, do neocolonialismo e dos inimigos exteriores da revolução africana, as aspirações do povo africano serão realizadas.

Como nas outras regiões do Mundo em que a revolução socialista está bastante dependente das massas camponesas, os quadros da revolução africana vêem-se perante uma tarefa gigantesca: têm de conquistar o proletariado urbano e rural para a revolução e alargá-la até aos campos; é então que os combatentes da liberdade — de quem depende muito a revolução na sua fase armada — poderão desenvolver e alargar as suas áreas de operações. Ao mesmo tempo, é necessário politizar os dois principais pilares do poder burguês — a burocracia e a polícia e exército.

A vitória das forças revolucionárias depende da habilidade do partido revolucionário socialista em fixar a importância das classes sociais e em distinguir os aliados e os inimigos da revolução. O partido deve também estar à altura de mobilizar e dirigir o conjunto das forças para a revolução socialista já existente, e despertar e estimular o imenso potencial revolucionário ainda por explorar.

Enquanto a violência for utilizada contra os povos africanos, o partido não alcançará os seus objectivos sem utilizar todas as formas de luta política, inclusivamente a luta armada. Se a luta armada deve ser empreendida de modo eficaz, deve — tal como o partido — ser centralizada. Um alto Estado-Maior Pan-Africano, enquadrado por um partido operário pan-africano, deveria poder planificar uma estratégia e uma táctica unificadas, atacando assim mortalmente o imperialismo, o colonialismo e o neocolonialismo, assim como os regimes minoritários europeus em África.

A resistência armada não é um fenómeno novo para a África: durante séculos os Africanos lutaram contra o intruso colonialista, se bem que esses combates heróicos tenham sido votados ao silêncio por historiadores estrangeiros e burgueses. Na realidade, os Africanos nunca cessaram de resistir à penetração e à dominação imperialista, mesmo quando essa resistência se tornou não violenta à medida que a opressão e a exploração imperialistas se acentuavam. Quando a colonização se encontrava no seu apogeu, a resistência africana pareceu — momentaneamente — ter sido finalmente vencida, e parecia que a dominação política e económica do continente pelas potências estrangeiras estava definitivamente estabelecida. Mas isso era ilusório: a resistência africana reapareceu depois da Segunda Guerra Mundial, sob a forma de lutas de libertação nacional. Se algumas dessas lutas conseguiram triunfar sem o recurso às armas, outras só após anos de combate armado conheceram a vitória.

A independência política não trouxe o fim nem da opressão e da exploração económica, nem da ingerência estrangeira na vida política. O período neocolonialista começou logo que os monopólios capitalistas internacionais deram o seu apoio, durante a época colonial, à burguesia indígena, a fim de assegurar o seu controle da vida económica do continente.

O neocolonialismo empregou uma nova forma de violência contra os povos africanos, através de dominação política indirecta, pela burguesia indígena e pelos governos fantoches teleguiados pelo neocolonialismo; exploração económica directa através da extensão das operações de corporações poderosas; controle dos meios de comunicação, infiltração ideológica. E muitas outras maneiras insidiosas de penetração e implantação.

Nestas circunstâncias, compreende-se a importância da luta armada. Porque a libertação e a unificação da África não podem estar dependentes de um consentimento, de preceitos morais ou de uma conquista moral. É apenas recorrendo às armas que a África se poderá desembaraçar dos últimos vestígios de colonialismo, imperialismo e neocolonialismo e se libertará e unirá no socialismo. As massas africanas terão então o apoio e a assistência do mundo socialista.

A luta revolucionária africana não é uma luta isolada; não faz apenas parte integrante da revolução socialista mundial, mas também da revolução do Mundo Negro. Por toda a parte onde os descendentes africanos são oprimidos — como nos Estados Unidos e nas Antilhas(1) — rebentam lutas pela libertação. Porque nessas regiões do Mundo, onde o homem negro é colonizado, é simultaneamente vítima de uma discriminação de classe e de raça.

A África é o centro da revolução do Mundo Negro; enquanto não for unificada sob a direcção de um governo socialista, os homens negros do mundo inteiro não terão uma nacionalidade. É à volta da luta dos povos africanos pela libertação e unidade do continente que tomará forma uma autêntica cultura negro-africana. A África é um continente, um povo, uma nação. A teoria segundo a qual uma nação não tem razão de ser se não tiver um território comum, uma língua comum e uma cultura comum não conseguiu sobreviver ao teste do tempo, que define cientificamente a realidade objectiva. Porque, se de facto esses elementos podem constituir uma nação, a presença desses três elementos não é necessária à sua existência. Um território comum e uma língua comum podem ser suficientes para a formação de uma nação, assim como um território comum e uma cultura comum. Às vezes até um só destes elementos é suficiente. Um Estado pode existir sobre bases multinacionais; porque é a economia que reúne os indivíduos num mesmo território. É nesta base que os Africanos de hoje se reconhecem a si próprios potencialmente como uma nação, cujo domínio é todo o continente africano.

O objectivo principal dos revolucionários do Mundo Negro deve ser a libertação e a unificação totais da África sob a direcção de um governo pan-africano socialista. É um objectivo que satisfará as aspirações dos povos africanos de todo o Mundo. Fará ao mesmo tempo triunfar a revolução socialista internacional e contribuirá para encaminhar o Mundo para o comunismo para o qual tendem todas as sociedades segundo o princípio: de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

PENSAMENTO AGOSTINHO NETO * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

PENSAMENTO AGOSTINHO NETO
Primeiro presidente da República de Angola, era médico de profissão, poeta por vocação e um líder por natureza. Foi em Portugal onde Agostinho Neto iniciou a sua acção política. Em 1947, integrou o Movimento dos Jovens Intelectuais de Angola sob o lema “Vamos Descobrir Angola”. Em Coimbra, com Lúcio Lara e Orlando de Albuquerque, colaborou nas revistas “Momento” e “Mensagem”, órgãos da Associação dos Naturais de Angola. Os seus poemas e artigos, aliados ao seu engajamento político fizeram com que fosse perseguido e preso pela PIDE - Polícia Internacional de Defesa do Estado, órgão repressor da ditadura Salazarista que combatia os movimentos nacionalistas das colónias portuguesas de então. Posto em liberdade, retoma a actividade política e intelectual, fundando em Lisboa, em parceria com Amilcar Cabral, Mário de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro, o Centro de Estudos Africanos, orientado para a afirmação da nacionalidade africana. Em 1951, é indicado como representante da Juventude das colónias portuguesas junto do MUD - Juvenil (Movimento de unidade democrática-Juvenil) português. Pela sua participação em actividades anticoloniais é novamente preso pela PIDE, em Fevereiro de 1955, e condenado a dezoito meses de prisão. Preso em Lisboa, Agostinho Neto não participa, em 10 de Dezembro de 1956, no acto de fundação do MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola. Em 1957, é libertado pela PIDE e, uma ano depois, licencia-se em Medicina pela Universidade de Lisboa. Participa da fundação do Movimento Anticolonialista (MAC). Que congregava patriotas das diversas colónias portuguesas para uma acção revolucionária conjunta nas cinco colónias portuguesas: Angola, Guiné, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. Pouco antes do Natal de 1959, Agostinho Neto deixa Lisboa de regresso à Luanda, onde abre um consultório médico. Em paralelo com a sua actividade clínica, continua a sua militância a favor da independência e é eleito, em 1960, Presidente Honorário do MPLA. Preso pela terceira vez, em Luanda, Agostinho Neto é transferido para diversas prisões em Portugal e Cabo Verde. O assalto às cadeias de Luanda, em Fevereiro de 1961, desencadeia a luta armada pelo MPLA, seguindo-se uma forte repressão colonial. Preso na cidade da Praia, em em Cabo Verde, Agostinho Neto é transferido para a prisão de Aljube, em Portugal, onde permanece até Março de 1963. Libertado, em 1963, foge clandestinamente para Léopoldville (Kinshasa), e junta-se ao MPLA. Neste mesmo ano é eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento. A luta armada contra o domínio colonial se intensifica até que, em Fevereiro de 1975, regressa a Luanda. Em representação do MPLA, Agostinho Neto participa em Alvor, Portugal, na assinatura do acordo para a constituição do “governo de transição”. A 11 de Novembro de 1975, Agostinho Neto proclama a independência de Angola. Dirige o MPLA e Angola durante os primeiros anos de independência, mas, doente, morre a 10 de Setembro de 1977, em Moscovo, na União Soviética. Agostinho Neto deixou como legados, a independência e a liberdade do povo angolano.

Fonte: MPLA
Obras disponíveis

1976 - mai Vamos defender a nossa Revolução - discurso no encerramento de um curso de activistas
1977 - jun Sobre o Fraccionismo - discurso na Cidadela
1977 - ago Combater, Aprender, Ensinar e Produzir - discurso no 3º aniverário da proclamação das FAPLA
1979 - jul Precisamos de um Governo Popular - discurso em Menongue
Poemas

Outros textos
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terça-feira, 13 de maio de 2025

PENSAMENTO ALBERT EINSTEIN * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

PENSAMENTO ALBERT EINSTEIN
"Por que socialismo?

Por Albert Einstein

[Publicado na primeira edição da revista Monthly Review ; Nova York, maio de 1949.]

É aconselhável que alguém que não seja especialista em questões econômicas e sociais expresse opiniões sobre o tema do socialismo? Acredito que seja por vários motivos.

Consideremos primeiro a questão do ponto de vista do conhecimento científico. Pode parecer que não há diferenças metodológicas essenciais entre astronomia e economia: cientistas de ambas as áreas tentam descobrir leis de aceitabilidade geral para um grupo circunscrito de fenômenos, a fim de tornar a interconexão desses fenômenos o mais claramente compreensível possível. Mas na realidade essas diferenças metodológicas existem. A descoberta de leis gerais no campo da economia é dificultada pelo fato de que os fenômenos econômicos observados são frequentemente afetados por muitos fatores que são muito difíceis de avaliar separadamente. Além disso, a experiência acumulada desde o início do chamado período civilizado da história humana – como é bem sabido – foi amplamente influenciada e limitada por causas que não são de forma alguma exclusivamente de origem econômica. Por exemplo, a maioria dos grandes estados da história deveu sua existência à conquista. Os povos conquistadores se estabeleceram, legal e economicamente, como a classe privilegiada do país conquistado. Eles se apropriaram do monopólio da propriedade da terra e nomearam um clero dentre seus próprios membros. Os sacerdotes, no controle da educação, fizeram da divisão da sociedade em classes uma instituição permanente e criaram um sistema de valores pelo qual as pessoas passaram a ser, em grande parte inconscientemente, direcionadas em seu comportamento social.

Mas a tradição histórica é, por assim dizer, de ontem; Em nenhum lugar superamos verdadeiramente o que Thorstein Veblen chamou de “fase predatória” do desenvolvimento humano. Os fatos econômicos observáveis ​​pertencem a essa fase, e mesmo as leis que podemos derivar deles não são aplicáveis ​​a outras fases. Como o verdadeiro propósito do socialismo é precisamente superar e avançar além da fase predatória do desenvolvimento humano, a ciência econômica em seu estado atual pode lançar pouca luz sobre a sociedade socialista do futuro.

Em segundo lugar, o socialismo é orientado para um fim ético-social. A ciência, contudo, não pode estabelecer fins, e muito menos incuti-los nos seres humanos: a ciência pode fornecer os meios para atingir certos fins. Mas os próprios fins são concebidos por pessoas com altos ideais éticos e — se esses fins não são fracos, mas vitais e vigorosos — são adotados e levados adiante por muitos seres humanos que, meio inconscientemente, determinam a lenta evolução da sociedade.

Por estas razões, devemos estar atentos para não superestimar a ciência e os métodos científicos ao lidar com problemas humanos; e não devemos presumir que os especialistas são os únicos que têm o direito de se expressar sobre questões que afetam a organização da sociedade.

Inúmeras vozes vêm afirmando há algum tempo que a sociedade humana está passando por uma crise e que sua estabilidade foi seriamente abalada. É característico de tal situação que os indivíduos se sintam indiferentes ou mesmo hostis em relação ao grupo, pequeno ou grande, ao qual pertencem. Para ilustrar o que quero dizer, deixe-me registrar uma experiência pessoal aqui. Recentemente, discuti com um homem inteligente e bem-disposto sobre a ameaça de outra guerra, que, na minha opinião, colocaria seriamente em risco a existência da humanidade, e observei que somente uma organização supranacional ofereceria proteção contra esse perigo. Então meu visitante, muito calmo e sereno, me disse: “Por que você se opõe tão profundamente ao desaparecimento da raça humana?”

Tenho certeza de que há apenas um século ninguém teria feito uma declaração tão leviana como essa. É a declaração de um homem que se esforçou em vão para alcançar o equilíbrio interior e que mais ou menos perdeu a esperança de alcançá-lo. É a expressão da dolorosa solidão e isolamento que tantas pessoas estão vivenciando atualmente. Qual é a causa? Existe uma saída?

É fácil fazer essas perguntas, mas difícil respondê-las com algum grau de certeza. Devo tentar, no entanto, da melhor maneira possível, embora eu esteja bem ciente do fato de que nossos sentimentos e esforços são muitas vezes contraditórios e obscuros e não podem ser expressos em fórmulas fáceis e simples.

O homem é, ao mesmo tempo, um ser solitário e um ser social. Como um ser solitário, ele tenta proteger sua própria existência e a daqueles mais próximos a ele, satisfazer seus desejos pessoais e desenvolver suas habilidades inatas. Como ser social, ele busca ganhar o reconhecimento e o afeto de seus semelhantes, compartilhar seus prazeres, consolá-los em suas tristezas e melhorar suas condições de vida. Somente a existência desses esforços variados, muitas vezes conflitantes, explica o caráter especial de um homem, e sua combinação específica determina até que ponto um indivíduo pode alcançar o equilíbrio interno e contribuir para o bem-estar da sociedade. É bem possível que a força relativa desses dois impulsos seja determinada principalmente pela hereditariedade. Mas a personalidade que finalmente emerge é amplamente determinada pelo ambiente em que uma pessoa se encontra durante seu desenvolvimento, pela estrutura da sociedade em que ela cresce, pelas tradições dessa sociedade e por sua apreciação de tipos específicos de comportamento. O conceito abstrato “sociedade” significa para o ser humano individual a soma total de suas relações diretas e indiretas com seus contemporâneos e com todas as pessoas das gerações anteriores. O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar por si mesmo; Mas depende tanto da sociedade – em sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível concebê-la ou entendê-la fora da estrutura da sociedade. É a “sociedade” que fornece ao homem alimento, vestuário, habitação, instrumentos de trabalho, linguagem, modos de pensar e a maior parte do conteúdo do seu pensamento; Sua vida é possível graças ao trabalho e às conquistas de muitos milhões no passado e no presente que estão escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”.

É evidente, portanto, que a dependência do indivíduo em relação à sociedade é um fato da natureza que não pode ser abolido – assim como no caso das formigas e das abelhas. Entretanto, enquanto as vidas das formigas e abelhas são determinadas nos mínimos detalhes por rígidos instintos hereditários, os padrões sociais e as inter-relações dos seres humanos são altamente variáveis ​​e suscetíveis a mudanças. A memória, a capacidade de fazer novas combinações e o dom da comunicação oral possibilitaram desenvolvimentos entre os seres humanos que não são ditados por necessidades biológicas. Tais desenvolvimentos se manifestam em tradições, instituições e organizações; na literatura; em realizações científicas e de engenharia; em obras de arte. Isso explica como acontece que, em certo sentido, o homem pode influenciar sua vida por meio de seu próprio comportamento e que nesse processo o pensamento consciente e o desejo podem desempenhar um papel.

O homem adquire ao nascer, por meio da herança, uma constituição biológica que devemos considerar fixa e inalterável, incluindo os impulsos naturais característicos da espécie humana. Além disso, durante sua vida, ele adquire uma constituição cultural que adota da sociedade por meio da comunicação e de muitos outros tipos de influências. É essa constituição cultural que, ao longo do tempo, está sujeita a mudanças e que determina em grau muito importante a relação entre o indivíduo e a sociedade. A antropologia moderna nos ensinou, por meio de pesquisas comparativas das chamadas culturas primitivas, que o comportamento social dos seres humanos pode variar muito, dependendo dos padrões culturais predominantes e dos tipos de organização que predominam na sociedade. É nisso que aqueles que se esforçam para melhorar a sorte do homem podem basear suas esperanças; Os seres humanos não estão condenados, por sua constituição biológica, a aniquilar-se uns aos outros ou a ficar à mercê de um destino cruel e auto-imposto.

Se nos perguntarmos como a estrutura da sociedade e a atitude cultural do homem devem ser mudadas para tornar a vida humana o mais satisfatória possível, devemos estar constantemente cientes do fato de que há certas condições que não temos poder para modificar. Como mencionado anteriormente, a natureza biológica do homem é, para todos os efeitos práticos, imutável. Além disso, os desenvolvimentos tecnológicos e demográficos dos últimos séculos criaram condições que vieram para ficar. Em populações relativamente densamente povoadas, com bens essenciais para a existência contínua, uma rigorosa divisão do trabalho e um aparato produtivo altamente centralizado são absolutamente necessários. O tempo — que, olhando para trás, parece tão idílico — em que indivíduos ou grupos relativamente pequenos podiam ser completamente autossuficientes acabou para sempre. É apenas um pequeno exagero dizer que a humanidade já constitui uma comunidade planetária de produção e consumo.

Cheguei agora ao ponto em que posso indicar brevemente o que constitui para mim a essência da crise do nosso tempo. Relativo à relação do indivíduo com a sociedade. O indivíduo está mais consciente do que nunca de sua dependência da sociedade. Mas ele não vivencia essa dependência como um bem positivo, como um vínculo orgânico, como uma força protetora, mas como uma ameaça aos seus direitos naturais, ou mesmo à sua existência econômica. Por outro lado, sua posição na sociedade é tal que os impulsos egoístas de seu ser são constantemente acentuados, enquanto seus impulsos sociais, que são por natureza mais fracos, se deterioram progressivamente. Todos os seres humanos, independentemente de sua posição na sociedade, estão sofrendo com esse processo de deterioração. Sem saber que são prisioneiros do próprio egoísmo, eles se sentem inseguros, sozinhos e privados do prazer ingênuo, simples e fácil da vida. O homem só pode encontrar sentido em sua vida, curta e perigosa como ela é, por meio da dedicação de si mesmo à sociedade.

A anarquia econômica da sociedade capitalista como ela existe hoje é, na minha opinião, a verdadeira fonte do mal. Vemos diante de nós uma vasta comunidade de produtores cujos membros lutam incessantemente para privar uns aos outros dos frutos de seu trabalho coletivo — não pela força, mas geralmente em estrita conformidade com as regras legalmente estabelecidas. Nesse sentido, é importante perceber que os meios de produção — isto é, toda a capacidade produtiva necessária para produzir bens de consumo, bem como bens de capital adicionais — podem ser legalmente, e na maior parte são, propriedade privada de indivíduos.

Para simplificar, na discussão que se segue, chamarei de “trabalhadores” todos aqueles que não partilham a propriedade dos meios de produção – embora isso não corresponda ao uso habitual do termo. O proprietário dos meios de produção está em condições de comprar a força de trabalho do trabalhador. Utilizando os meios de produção, o trabalhador produz novos bens que se tornam propriedade do capitalista. O ponto essencial desse processo é a relação entre o que o trabalhador produz e o que ele recebe, ambos medidos em termos de valor real. Na medida em que o contrato de trabalho é "livre", o que o trabalhador recebe é determinado não pelo valor real dos bens que ele produz, mas por suas necessidades mínimas e pelo que os capitalistas trabalhistas estipulam em relação ao número de trabalhadores que competem pelo trabalho. É importante entender que, mesmo em teoria, o salário de um trabalhador não é determinado pelo valor do seu produto.

O capital privado tende a se concentrar em poucas mãos, em parte por causa da competição entre capitalistas e em parte porque o desenvolvimento tecnológico e a crescente divisão do trabalho incentivam a formação de unidades de produção maiores em detrimento das menores. O resultado desse processo é uma oligarquia de capital privado cujo enorme poder não pode ser controlado efetivamente, mesmo em uma sociedade política democraticamente organizada. Isso ocorre porque os membros dos órgãos legislativos são selecionados entre partidos políticos, amplamente financiados ou influenciados por capitalistas privados que, para todos os efeitos práticos, separam o eleitorado do legislativo. A consequência é que os representantes do povo não protegem suficientemente os interesses dos setores despossuídos. Além disso, nas condições atuais, os capitalistas privados controlam inevitavelmente, direta ou indiretamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). Portanto, é extremamente difícil, e na maioria dos casos absolutamente impossível, para o cidadão individual chegar a conclusões objetivas e fazer uso inteligente de seus direitos políticos.

A situação prevalecente numa economia baseada na propriedade privada do capital é, portanto, caracterizada por dois princípios fundamentais: primeiro, os meios de produção (capital) são propriedade privada e os proprietários dispõem deles como entendem; Em segundo lugar, o contrato de trabalho é livre. É claro que não existe uma sociedade capitalista pura nesse sentido. Em particular, deve-se notar que os trabalhadores, por meio de longas e amargas lutas políticas, conseguiram garantir uma forma um pouco melhorada de “contrato de trabalho livre” para certas categorias de trabalhadores. Mas, vista como um todo, a economia atual não é muito diferente do capitalismo "puro".

A produção é realizada visando lucro, não para uso. Não há nenhuma disposição que garanta que todos aqueles que são capazes e estão dispostos a trabalhar estarão sempre em condições de encontrar emprego; quase sempre há um “exército de desempregados”. O trabalhador está constantemente com medo de perder o emprego. Como os trabalhadores desempregados e mal pagos não proporcionam um mercado lucrativo, a produção de bens de consumo fica restrita, e a consequência é grande privação. O progresso tecnológico muitas vezes produz mais desemprego em vez de aliviar a carga de trabalho para todos. O lucro, combinado com a competição entre capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que leva a depressões cada vez mais severas. A competição ilimitada leva a um enorme desperdício de trabalho e à paralisia da consciência social dos indivíduos que mencionei anteriormente.

Considero essa mutilação de indivíduos o pior mal do capitalismo. Todo o nosso sistema educacional sofre desse mal. Uma atitude competitiva exagerada é incutida no aluno, que é treinado para adorar o sucesso aquisitivo como preparação para sua futura carreira.

Estou convencido de que só há uma maneira de eliminar esses grandes males: por meio do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada de um sistema educacional orientado para objetivos sociais. Em tal economia, os meios de produção são de propriedade da própria sociedade e utilizados de maneira planejada. Uma economia planejada que ajusta a produção às necessidades da comunidade distribuiria o trabalho a ser feito entre todos aqueles capazes de trabalhar e garantiria o sustento de todos os homens, mulheres e crianças. A educação do indivíduo, além de promover suas habilidades inatas, buscaria desenvolver nele um senso de responsabilidade para com seus semelhantes, em vez da glorificação do poder e do sucesso que prevalece em nossa sociedade atual.

Contudo, é preciso lembrar que uma economia planificada ainda não é socialismo. Uma economia planejada como tal pode ser acompanhada pela completa escravidão do indivíduo. A conquista do socialismo exige a solução de alguns problemas sociopolíticos extremamente difíceis: como é possível, dada a centralização do poder político e econômico, impedir que a burocracia se torne todo-poderosa e arrogante? Como os direitos individuais podem ser protegidos e assim garantir um contrapeso democrático ao poder da burocracia?

A clareza sobre os objetivos e problemas do socialismo é de extrema importância em nossa era de transição. Uma vez que, nas circunstâncias atuais, a discussão livre e desimpedida destes problemas se tornou um poderoso tabu, considero a fundação desta revista [ Monthly Review] como um importante serviço público.

CARTA A ROOSVELT
Carta de Albert Einstein alertando para o fascismo sionista em Israel (EUA, 1948)
Por: CA-Mat/US

O Jornal Brasil Popular publica carta ao New York Times assinada por intelectuais denunciando a ascensão do fascismo sionista em Israel ainda na década de 1940. A carta foi, originalmente, enviada ao jornal New York Times como protesto contra à visita de Menachem Begin. Na mensagem, Albert Einstein, Hannah Arendt (foto) e outros, nos diz tudo sobre os trágicos acontecimentos de hoje em Israel/ Palestina.

Quando Einstein e Hannah Arendt condenaram israelenses: No dia 2 de dezembro de 1948, o jornal norte-americano The New York Times publicou uma carta, assinada por Albert Einstein, Hannah Arendt e Sidney Hook, entre outros, condenando as ações de Menachem Begin, líder do novo Partido da Liberdade, em visita aos Estados Unidos.”Aos editores do New York Times,Entre os fenômenos políticos mais perturbadores da nossa época, está o aparecimento, no recém-criado estado de Israel, do “Partido da Liberdade” (Tnuat Haherut), um partido político muito parecido na organização, nos métodos, na filosofia política e no apelo social com os partidos nazi-fascistas. Formou-se a partir dos membros do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, de extrema-direita e chauvinista na Palestina.
Do Nilo ao Eufrates (1947). “Cartaz publicado pelo grupo Irgun Zvai Leumi sinalizando a região da Palestina e da Transjordânia como território de Israel. Fonte: https://www.palestineposterproject.org/poster/from-the-nile-to-the-euphrates

A atual visita do líder deste partido, Menachem Begin, aos Estados Unidos é obviamente calculada para dar a impressão do apoio americano ao seu partido nas próximas eleições israelenses e para cimentar os elos políticos com os elementos sionistas conservadores nos Estados Unidos. Vários americanos de reputação nacional emprestam os seus nomes para dar as boas-vindas a esta visita. É inconcebível que os que se opõem ao fascismo, em todo o mundo, se é que estão corretamente informados quanto ao registro político e às perspetivas de Begin, possam juntar o seu nome e apoio ao movimento que ele representa.

Antes que haja prejuízos irreparáveis, com contribuições financeiras, manifestações públicas a favor de Begin, e a criação na Palestina da impressão de que há na América um grande segmento que apoia elementos fascistas em Israel, o público americano tem que ser informado quanto ao passado e quanto aos objetivos de Begin e do seu movimento. As declarações públicas do partido de Begin não são de forma alguma indicadoras do seu verdadeiro caráter. Agora falam de liberdade, de democracia e de anti- imperialismo, mas recentemente pregavam abertamente a doutrina do estado fascista. É pelas suas ações que o partido terrorista revela o seu verdadeiro caráter; pelas suas ações do passado podemos avaliar o que podemos esperar no futuro.Ataque a uma aldeia árabeUm exemplo chocante foi o seu comportamento na aldeia árabe de Deir Yassin. Esta aldeia, afastada das estradas principais e rodeada de terras judaicas, não tomou parte na guerra e até lutou contra grupos árabes que queriam utilizar a aldeia como sua base. A 9 de abril (The New York Times),bandos de terroristas atacaram esta aldeia pacífica, que não era um objetivo militar no conflito, mataram a maior parte dos seus habitantes – 240 homens, mulheres e crianças – e deixaram vivos alguns deles para os exibirem como cativos, pelas ruas de Jerusalém.
Menachem Begin (1913 – 1992)

A maior parte da comunidade judaica ficou horrorizada com esta proeza e a Agência Judaica enviou um telegrama de desculpas ao Rei Abdulah da Transjordânia. Mas os terroristas, longe de se envergonharem da sua ação, ficaram orgulhosos com este massacre, deram-lhe ampla publicidade e convidaram todos os correspondentes estrangeiros no país para verem as pilhas de cadáveres e o caos em Deir Yassin. O incidente de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido da Liberdade.

Na comunidade judaica, têm pregado uma mistura de ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Tal como outros partidos fascistas, têm sido usados para furar greves e estão apostados na destruição de sindicatos livres. Em vez destes, propõem sindicatos corporativos de modelo fascista italiano. Nos últimos anos de esporádica violência antibritânica, os grupos IZL e Stern inauguraram um reinado de terror na comunidade judaica palestina. Espancaram professores que falavam contra eles, abateram adultos a tiro por não deixarem que os filhos se juntassem a eles. Com métodos de gangsters, espancamentos, destruição e roubos por toda a parte, os terroristas intimidaram a população e exigiram um pesado tributo.

A gente do Partido da Liberdade não tomou parte nas ações de construção da Palestina. Não reclamaram terras, não construíram colonatos, e só denegriram a atividade defensiva judaica. Os seus esforços para a imigração, amplamente publicitados, foram mínimos e dedicados sobretudo a dar entrada a compatriotas fascistas.

Contradições observadas

As contradições entre as afirmações ousadas que Begin e o seu partido andam a fazer, e o registro do seu comportamento passado na Palestina, não têm a marca de qualquer partido político vulgar. Têm o carimbo inconfundível de um partido fascista para quem o terrorismo (contra judeus, árabes e britânicos, igualmente) e a falsidade são os meios, e o objetivo é um “Estado Líder”.

À luz destas considerações, é imperativo que o nosso país tome conhecimento da verdade sobre Begin e o seu movimento. É tanto mais trágico quanto os líderes de topo do sionismo americano se recusaram a fazer campanha contra os esforços de Begin, e muito menos denunciar aos seus apaniguados os perigos para Israel do seu apoio a Begin.
Reunião de membros do Partido da Liberdade (Herut) em 1948. Ao centro, de óculos, está Menachem Begin. Fonte: Museu Estadunidense Memorial do Holocausto.

Os abaixo assinados utilizam, assim, este meio para apresentar publicamente alguns fatos relevantes, relativos a Begin e ao seu partido; e para apelar a todos os interessados que não apoiem esta manifestação tardia de fascismo.

Isidore Abramowitz, Hannah Arendt, Abraham Brick, Rabbi Jessurun Cardozo, Albert Einstein, Herman Eisen M.D., Hayim Fineman, M. Gallen M.D., H.H. Harris, Zelig S. Harris, Sidney Hook, Fred Karush, Bruria Kaufman, Irma L. Lindheim, Nachman Maisel, Seymour Melman, Myer D. Mendelson M.D., Harry M. Oslinsky, Samuel Pitlick, Fritz Rohrlich, Louis P. Rocker, Ruth Sagis, Itzhak Sankowsky, I.J. Shoenberg, Samuel Shuman, M. Singer, Irma Wolfe, Stefan Wolf.Comitê de Estudantes da USP em Solidariedade ao Povo PalestinoEm 06 de julho, estudantes de diversos cursos realizaram o evento de refundação do comitê de Estudantes da USP em Solidariedade ao Povo Palestino, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). O evento contou com homenagem ao escritor palestino Ghassan Kanafani, assasinado em 08 de julho de 1972 por forças israelenses, além da participação de ex-membros do Comitê como a Juliana Siegman.
O Comitê de Estudantes da USP em Solidariedade ao Povo Palestino retorna após um período de inatividade devido à Pandemia de COVID-19.

Os abaixo assinados, portanto, através deste meio de publicidade apresentam alguns fatos salientes que dizem respeito a Begin e seu Partido; e recomendam a todos os interessados a não apoiarem esta última manifestação do fascismo.

Nova York, 2 de dezembro de 1948

Isidore Abramowitz,
Albert Eistein
Hannah Arendt,
Abraham Brick,
Rabino Jessurun Cardozo,
Herman Eisen,
Hayim Fineman,
M. Gallen,
HH. Harris,
Zelig S. Harris,
Sidney Hook,
Fred Karush,
Bruria Kaufman,
Irma L. Lindheim,
Nachman Maisel,
Seymour Melmam,
Myer D. Mendelson,
Harry M. Oslinsky,
Samuel Pitlick,
Fritz Rohrlich,
Louis P. Rocker,
Ruth Sagis,
Itzhak Sankowsky,
I.J. Shoenberg,
Samuel Shuman,
M. Singer,
Irma Wolfe,
Stefan Wolfe.

A versão deste documento online foi copiada de um microfilme da edição impressa do The New York Times, pesquisada pela professora universitária Laura Nader e outros acadêmicos na Universidade de Berkeley, Califórnia. Uma versão escaneada pode ser vista, em formato .pdf, em Proquest: University Microfilms

ALBERT EINSTEIN - O MAIOR GÊNIO DA HISTÓRIA - BIOGRAFIA RESUMIDA
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domingo, 4 de maio de 2025

CONCEPÇÃO MARXISTA DA HISTÓRIA * Georgy Plekhanov/Rússia

CONCEPÇÃO MARXISTA DA HISTÓRIA
É a solução desse problema que Marx buscou ao elaborar sua concepção materialista. No prefácio de um de seus trabalhos: Contribuição para a Crítica da Economia Política, o próprio Marx diz como seus estudos o levaram a este projeto:

"Minha pesquisa levou a esse resultado: que as relações jurídicas, assim como as formas do Estado, não pode ser explicado por eles mesmos ou pela evolução geral do assim chamado Espírito humano; que eles tomam suas raízes, nas condições de existência material que Hegel, seguindo o exemplo de Inglês e Francês do século XVIII, compreende sob o nome de "sociedade burguesa"”. (Contribuição para a crítica da política de economia ­ de Karl Marx, tradução francesa por Laura Lafargue, p. 4 ).

Como se vê, é o mesmo resultado ­ que vimos os historiadores, os sociólogos e os críticos franceses, bem como os filósofos idealistas alemães. Mas Marx vai mais longe. Ele perguntou quais eram os determinantes da sociedade burguesa, e ele responde que é na economia política que devemos buscar a anatomia da sociedade burguesa. Assim, é o estado econômico de um povo que determina seu estado social, e a condição social de um povo determina, por sua vez, seu estado político, religioso e assim por diante. Mas, se pode perguntar, o estado econômico não tem causa, por sua vez? Sem dúvida, como todas as coisas aqui, ele tem sua causa, e essa causa, a causa fundamental de toda evolução social e, portanto, de todo movimento da história é a luta do homem com a natureza para assegurar sua existência.

Eu quero ler o que Marx diz sobre isso:

"Na produção social da sua existência, os homens entram em determinadas relações, necessárias e independentes de sua vontade; estes relações de produção correspondem a um grau de desenvolvimento ­ dadas as suas forças produtivas materiais. Todas essas relações de produção constituem a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual a superestrutura jurídica se eleva e à qual correspondem formas definidas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência do homem que determina a realidade, pelo contrário, a realidade social que determina sua consciência. Num certo estádio de seu desenvolvimento, as forças produtivas da sociedade entram em conflito com as relações de produção ­ existente, ou, que é apenas a expressão legal, com os relações de propriedade ­ a partir do qual eles foram transformados até então. De formas de desenvolvimento de forças produtivas, estas relações se transformam em seus grilhões destas forças. Em seguida, abre-se uma era de revolução social. A alteração que ocorreu na base econômica que muda mais ou menos lentamente ou rapidamente toda a superestrutura. Ao considerar ­ tais subversões, é importante sempre distinguir entre a perturbação material das condições ­ produção econômica - que devemos observar fielmente com a ajuda das ciências físicas e naturais ­ e as relações legais, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, enfim, as formas ideológicas sob as quais os homens tomam consciência desse conflito e encerra-o. Assim como não se julga um indivíduo pela ideia que ele faz de si mesmo; é necessário, pelo contrário, explicar isso ­ pelas contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas sociais e relações de produção. Um modo de produção nunca desaparece antes de ter desenvolvido todas as forças produtivas que é grande o suficiente para conter, e jamais novas e superiores.­ As relações de produção não substituem o fato de que as condições materiais de existência dessas relações foram criadas no próprio coração da sociedade antiga. É por isso que a humanidade propõe os problemas que pode resolver ­ porque, para olhar mais de perto, sempre ocorrerá que o problema em si só surge quando as condições materiais para resolvê-lo existem ou, pelo menos, estão em processo de transformação". (Ibid., Páginas 4, 5, 6, 7).

Eu entendo que essa linguagem, por mais nítida e precisa que seja, pode parecer um tanto obscura. Por isso, apresso-me a comentar o pensamento básico da concepção materialista da história.

A ideia básica de Marx é reduzida a isso: as relações de produção determinam todas as outras relações que existem entre os homens em sua vida social. As relações de produção são, por sua vez, determinadas pelo estado das forças produtivas.

Mas o que são as forças produtivas ?

Como todos os animais, o homem é forçado a lutar por sua existência. Cada luta supõe certo gasto de forças. O estado das forças determina o resultado da luta. Entre os animais, essas forças dependem da própria estrutura do organismo: as forças de um cavalo selvagem são muito diferentes das de um leão, e a causa desta diferença é a diferença na organização. A organização física do homem naturalmente também tem uma influência decisiva em seu modo de lutar pela existência e nos resultados dessa luta. Assim, por exemplo, o homem é provido da mão. É verdade que seus vizinhos, os quadrúmanos (macacos), também têm mãos, mas as mãos dos quadrúmanos estão menos bem adaptadas a várias obras. A mão foi o primeiro instrumento usado pelo homem em sua luta pela existência, como nos mostra Darwin.

A mão, com o braço, é o primeiro instrumento a primeira ferramenta usada pelo homem. Os músculos do braço servem como uma mola que ataca ou lança. Mas pouco a pouco a máquina se torna exterioriza. A pedra foi primeiramente servida pelo seu peso, pela sua massa. Em seguida, esta massa é ligada a uma alça, e nós temos o machado, martelo. A mão é o primeiro instrumento do homem, servindo-o assim para produzir outros, para modelar a matéria para lutar contra a natureza, isto é, contra o resto da matéria independente.

E aperfeiçoou a substância controlada mais desenvolve o uso de ferramentas, instrumentos e também aumenta a força do homem frente a natureza, tanto maior o seu poder sobre a natureza. Nós definimos o homem: um animal que faz ferramentas. Essa definição é mais profunda do que o primeiro pensamento. De fato, tão logo o homem tenha adquirido a faculdade de escravizar e moldar uma parte da questão para lutar contra o resto da matéria, a seleção natural e outras causas semelhantes devem ter tido uma influência muito secundária nas modificações corporais do homem.

Não são mais seus órgãos que mudam, mas suas ferramentas e as coisas que ele adapta à sua sabedoria com a ajuda de suas ferramentas: não é a sua pele que muda com a mudança de clima, é a roupa dele. Transformação corporal do homem cessa (ou torna-se insignificante) para dar lugar à sua evolução técnica; e a evolução técnica é a evolução das forças produtivas e a evolução das forças produtivas tem uma influência decisiva no agrupamento dos homens, no estado de sua cultura. A ciência hoje distingue vários tipos de sociedades: 1) Tipo caçador; 2) Tipo pastoril; 3) Tipo agricultor sedentário; 4) Tipo industrial e comercial. Cada um desses tipos é caracterizado por certas relações entre homens, relações que não dependem de sua vontade e que são determinadas pelo estado das forças produtivas .

Então, vamos pegar os relações de propriedades como um exemplo. O regime da propriedade depende do modo de produção, porque a distribuição da riqueza e do consumo estão intimamente relacionados com a forma de obtê-los. Nos povos caçadores primitivos são, muitas vezes obrigado a sair juntos para pegar o grande caça maior; então, os australianos caçam o canguru em bandos de dezenas de indivíduos; os esquimós se reúnem ­ uma flotilha de canoas para a pesca da baleia. Cangurus capturados, baleias levadas para terra são consideradas propriedade comum; todo mundo come de acordo com seu apetite. O território de cada tribo, entre os australianos e entre todos os caçadores, é considerado propriedade coletiva; cada um caça como lhe agrada, com a única obrigação de não invadir a terra das tribos vizinhas.

Mas no meio desta propriedade comum, alguns objetos servem apenas para o indivíduo: suas roupas, suas armas, são consideradas propriedade privada, enquanto a tenda e seu mobiliário são da família. Da mesma forma, a canoa servindo grupos de cinco a seis homens é em comum. O que decide a propriedade é o modo de trabalhar , o modo de produção.

Eu cortei um machado de sílex das minhas mãos, é meu; com minha esposa e filhos, construímos a cabana, ela é minha família; eu caçava com as pessoas da minha tribo, os animais abatidos estão conosco em comum. Os animais que eu matei por mim no território da tribo são meus, e se por acaso o animal ferido por mim é completado por outro, é nosso e a pele é para aquele que deu o golpe de graça. Para este fim, cada seta tem a marca do proprietário.

Coisa realmente notável: entre os peles-vermelhas na América do Norte, antes da introdução de armas de fogo, a caça aos bisões era uma vez muito regulamentada: se várias flechas tivessem entrado no corpo do búfalo, sua posição ­ decidiu reciprocamente quem possuía que parte do animal abatido; assim a pele era para ele cuja flecha havia penetrado a mais próxima do coração. Mas desde a introdução de armas de fogo, tais como bolas não usam marcas distintivas, alocação de bisonte abatidos é através da partilha de igual; eles são, portanto, considerados propriedade comum. Este exemplo mostra claramente a estreita ligação entre produção e regime de propriedade.

Assim, as relações entre os homens na produção de decidir relatórios da propriedade, a condição da propriedade, como disse Guizot. Mas uma vez que o estado do imóvel é dado, é fácil de entender a formação da empresa, moldar na propriedade. Assim, a teoria de Marx resolve o problema faz que não poderiam resolver os historiadores e filósofos da primeira metade do século XIX.

Georgy Plekhanov, em 1903
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FALSAS INDEPENDÊNCIAS NACIONAIS E BURGUESIAS CRIOULAS